Estudos mostram os efeitos provocados pela meditação no cérebro.
A pesquisa, publicada na "Psychiatry Research:
Neuroimaging" foi feita pela Harvard Medical School, nos EUA, em conjunto
com um instituto de neuroimagem da Alemanha e a Universidade de Massachussets.
As mudanças ocorreram em apenas
oito semanas de meditação em praticantes adultos iniciantes.
As conclusões foram feitas após
comparações entre as ressonâncias magnéticas dos que praticaram a meditação e
de um grupo-controle que não fez as aulas.
Outros estudos já haviam
sugerido que a meditação causa mudanças no cérebro. Mas eles não excluíam a
possibilidade de haver diferenças preexistentes entre os grupos de meditadores
experientes e não meditadores.
Ou seja, não era possível
afirmar se os efeitos eram causados pela prática.
Todos os 16 participantes da
pesquisa, com idades de 25 a 55 anos, deveriam obedecer a um critério: não ter
feito nenhuma aula de meditação nos últimos seis meses ou mais de dez aulas em
toda a vida.
Eles frequentaram oito
encontros semanais, com duração de duas horas e meia.
Para avaliar as mudanças, todos
os participantes e o grupo-controle fizeram ressonâncias magnéticas antes e
depois do período de aulas.
Os exames iniciais não
indicaram diferenças entre grupos, mas as ressonâncias feitas após o curso
mostraram um aumento na concentração de massa cinzenta no hipocampo esquerdo
naqueles que haviam meditado.
Análises do cérebro todo
revelaram mais quatro aumentos de massa cinzenta: no córtex cingulado
posterior, na junção temporo-parietal e mais dois no cerebelo.
Britta Hölzel, pesquisadora da
Harvard Medical School e uma das autoras do estudo, disse que isso pode
significar uma melhora em regiões envolvidas com aprendizagem, memória, emoções
e estresse.
O aumento da massa cinzenta no
hipocampo é benéfico porque ali há uma maior concentração de neurônios, afirma
Sonia Brucki, do departamento científico de neurologia cognitiva e do
envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia.
"Antes, acreditava-se que
a pessoa só perdia neurônios durante a vida. Agora, vemos que podem brotar em
qualquer fase da vida, e determinadas atividades fazem a estrutura do cérebro
mudar."
Isso significa que o cérebro adulto também é plástico, capaz de
ser moldado.
Mas qualquer um que começar a
meditar amanhã terá esses mesmos efeitos benéficos em algumas semanas?
"Provavelmente sim",
diz a neurologista Sonia Brucki.
Agora, a pesquisadora Britta
Hölzel quer entender como essas mudanças no cérebro estão relacionadas
diretamente à melhora das vidas das pessoas.
"Essa é uma área nova, e
pouco se sabe sobre o cérebro e os mecanismos psicológicos relacionados a ele.
Mas os resultados até agora são animadores."
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